Muda a muda que plantaste.
Muda por uma raiz mais forte
Muda por uma copa mais ampla
Muda que o vento vem forte
E contemplas mudo a força que se faz
Para sobreviver.
Muda o que tem pra ser mudado
Deixa o mesmo criado-mudo.
Mas mudas o relógio de mesmo despertar.
Muda o foco
Muda o caminhar
Mas não mude o caminho.
O branco é branco O pequeno cisne envolto em seu conforto não se arrisca. Rodopia sem esforço. Muda. Estranha. Assombra. Das manchadas penas de cor púrpura sobressai o grito de desespero.
Com os vermelhos olhos, o negro cisne rasga a proteção contida.
Dor, ardor, calor. Tudo o que inquieta, Coçar, suar, feder. É o que mais me agrada. Agonia, aflição, melancolia. Tudo o que destrói, Tormento, martírio, tortura. É o que me faz feliz.
Vazio, solidão, nostalgia. Tudo o que faz sofrer, Indiferença, frieza, pesar. É o que mais me atrai. Suspense, Drama, Tragédia. Tudo o que repele, Violência, fereza, morte. É o que em mim habita
Entre nosso reflexo e nós mesmos, o que se tem é ar. Ar límpido, claro, cristalino... E quando viramos de súbito e pasmos percebemos que não se têm a lei da física posta diante de nossos olhos [nosso reflexo não está lá!], todo nosso castelinho de areia despenca e balbuciamos: confiei demais em mim mesmo...
Nosso espelho de emoções, mentiroso como é, reflete o que quer e o que a gente não quer. Mostra-nos felizes, acomodados, cotidianos... E quando forçamos os olhos, [queremos ver mais, mais que ar!], ele aparece: o espectro de tez invisível, assustado, assustando, assustador. Sai da frente nossa, e revela-nos: ó como sois de facto! Imundos em peles ocas, não não quero mais ver! Volta! Ocupa teu lugar de praxe!¹
¹ Baseado no conto “Carta de um louco”, de Guy de Maupassant
À primeira vista sua voz pode soar estranha, com um "leve" teor anasalado e, segundo dizem, com um jeito "pata" de ser.
Mas Aimee Anne Duffy, galega de pele e nascimento, lançada em plena era das "British Females Vocal", vai muito além de sua peculiar voz e mostra a que veio.
Duffy toca. Para quem vai além da baladinha “Mercy” e da comercial “Rain On Your Parade”, a loira se revela uma grande compositora e intérprete, principalmente a quem vê na música a companheira perfeita para seus momentos de, digamos, tristeza sentimental.
Creio que foi assim que o álbum “Rockferry” se construiu, ou pelo menos é isto que Duffy quer que se afira de seu primeiro trabalho.
Rockferry começa com a canção que deu título ao álbum, e faz referência ao condado de Rock Ferry,no oeste da Inglaterra, local onde a avó de Duffy reside. A música tem uma melodia melancólica bem acertada, que se revela reflexiva e deduz um relacionamento no fim, com uma possível fuga [à Rock Ferry?!] em uma viagem.
A segunda faixa traz outras referências pessoais de Duffy, "Warwick Avenue" é o nome de uma estação de metrô de Londres, freqüentada por Duffy em muitas ocasiões. É lá o local em que ela marca com seu namorado - ou seria “ex”? - para mais uma vez o deixar. “Duffy” não quer mais um amor que a machucou, e por mais que esperasse o melhor, o “trem chegou e ela teve que partir.”
"Serious", terceira música do álbum, a primeira com um vocal acompanhando Duffy, vem seguindo a linha das “canções-relacionamentos”, Duffy canta como alguém que se cansou de um relacionamento de brincadeira. Ela quer algo Sério, um amor sério e maduro que a faça se sentir mais segura.
Engolindo seco e com os olhos marejados, é assim que imagino a mulher que canta "Stepping Stone", a 4ª canção. Já novamente com o uso dos vocais, as batidas lentas da música ajudam a estabelecer o desabafo da letra, onde “Duffy” não quer mais um retorno ao amor outrora vivido e não quer ser mais a “stepping stone”, quer sim ficar ereta, ainda que signifique ficar... sozinha.
À capella Duffy inicia a pequena "Syrup & Honey", sua 5ª música-álbum. Com um acompanhamento instrumental bem leve, Duffy se revela doce, mas exige a devida atenção que merece. Baby, baby, baby... spend your time on me..., repete ela, tal qual um mantra apaixonado.
Na 6ª música, Duffy já está consolidada em cantar seus sentimentos, agüentando por muito tempo, ela se auto-intitula uma boba, sempre esperando por um sinal que nunca veio, esperando que seu amado ficasse do seu lado, esperando por muito tempo...
"Mercy", a “single-pop” de Duffy, trás todo um ritmo até então inédito no disco. Com uma “batidinha” viciante e dançante, que remete a algo de anos 60/70, Duffy implora por misericórdia, “pedindo” para ser liberta do feitiço que a tomou por inteiro.
Uma Duffy humorada surge em "Delayed Devotion", a 8ª música do álbum. Com um estilo seiscentista, Duffy esnoba seu “boy” e diz que ele precisará de um brinquedo novo, já que para uma “Devoção Atrasada” é tarde demais.
Uma poética "I'm Scared" vem como penúltima faixa de Rockferry, trazendo à tona todo o sentimentalismo marcante de Duffy. A intérprete parece recém-abandonada por alguém de quem muito amou, ficando então, exposta e assustada...
Rockferry tem em sua última faixa uma mensagem de esperança. "Distant Dreamer" pode seguir o contexto do disco e referir-se a sentimentos individuais da cantora. Mas podemos situá-la na no desejo crônico por dias melhores que rege o coletivo mundial, onde diferenças não serão objetos de dissídios, e sim, a possibilidade de sempre aprender algo novo. Nem que isto seja um sonho, um sonho distante.
Rockferry é realmente um álbum em tons de preto e branco, cantado na solidão de alguém para a solidão de outrem. Que fique a simplicidade de suas rimas, com a grandeza de suas palavras.
Apêndice: Para quem ainda não se satisfez com a diva galega, Duffy nos presenteou com a Edição de Rockferry Deluxe, com mais 7 faixas extras. De “Rain Your Parade”, com uma Duffy animada, anasalada e sádica, passando por uma instigante “Fool For You”, uma melódica “Please Stay”, até leve “Enough Love”, Duffy mostra a que veio, inferindo que há muito mais por vir...
Uau... Faz realmente 5 meses desde minha última postagem aqui? Faz. E é fato. A saudade reinvidicou a devida atenção. Produzi mais coisas aqui em minha mente do que do lado de fora. O curso apertou. O trabalho apertou. O tempo apertou. Mas agora estarei sempre apertando o botãozinho de enter ali, para uma nova atualização constante. E é meia-noite meus caros, o tempo não brinca, apesar que a gente brinca com ele às vezes. Vamos dormir que amanhã é o "primeiro" dia - da semana: A amada horrível segunda-feira.
É... 2008 foi mesmo um balão. Um senhor balão cheinho de surpresas. Quando o peguei, era assim... todo murcho, mas logo veio o fôlego para enchê-lo. Devia fazer isso, não? Não necessariamente. Ora, poderia muito bem ter poupado meu fôlego e ficado à sombra esperando a boa banda passar, meu conformismo agradeceria...
Mas que! Peguei o tal balão, soprei logo forte e ele logo se inflou. É, o ano já prometia... Creio que me empolguei, o balão ficou perigosamente grande. Mas, e daí? o perigo é o que nos mantém vivo... Só que... o balão terminou secando um pouco. Nem tudo era festa no meu mundo balonístico...
Mas... eis que levanto os olhos, e ao meu redor vejo pessoas que querem ver meu balão cheio, cheio de tudo de bom! Minha força volta, o balão se enrijesse e ganha novo brilho no seu ciclo de gás carbônico e oxigênio. Sopro e encho, encho e sopro. E lá vai o balão crescendo ante meu rosto, e meu sorriso se alargando em meio ao bico engraçado que faço.
Houve momentos que a boca ficou seca, o fôlego tomado, mas tudo isso valia à pena, o balão estava sendo cheio. Eu procurei nos olhos ao meu redor e eram neles que eu retirava a força necessária para continuar.
E lá vinha o fim. O balão não ia durar mais muito tempo. Sim, ele ia estourar, ele vai estourar. Ele estourou. A sensação é rápida e prazerosa, toda a força do ano vem de encontro ao meu rosto, e eu sorrio, sorrio porque tudo isto me fortalece, tudo me constrói.
Trato logo de ajuntar os pedaços do outrora balão, o balão 2009 vai ser [re]construido com eles. E lá estarei eu, sempre soprando, sempre.
Na brisa marítima um fio de cabelo viaja No bico de uma gaivota traz esperança a um ferido coração Um raio de sol revestido em forma capilar Pertence à Isolda, a bela dos cabelos de ouro
Doce Isolda, de tão distante ouve-se sua voz Ávida por entoar novos cantos Traga-me à mim tua suave presença Preencha-me como só tu poderias fazer
Teu calor consola minha alma gélida Nos teus braços compreendo a verdadeira paz Com os teus beijos o mundo faz sentido E desse modo o sono balsâmico que sobre mim repousa Vem suavemente como um sonho, um sonho de Isolda